FELIZ ANO NOVO MEUS AMIGOS


terça-feira, 30 de março de 2010

ANTÓNIO ALEIXO

Hoje, não vou postar nada meu, mas sim, de um poeta que eu adoro. Nasceu a 18 de Fevereiro de 1899, em Vila Real de Santo António, tendo morrido, vítima de tuberculose, a 16 de Novembro de 1949, em Loulé. Foi guardador de cabras, cantor popular, soldado, polícia, tecelão, servente de pedreiro em França, «poeta cauteleiro». Percorria as feiras improvisando à guitarra ou vendendo folhas avulsas em quadras e glosas. Integra-se na mais pura tradição dos poetas e cantores populares portugueses. Ele próprio defenia-se assim:

Fui polícia, fui soldado
Estive fora da nação
Vendo jogo. guardei gado
Só me falta ser ladrão.

Outras quadras do poeta, que o imortalizaram, algumas com sátira.

Quem prende a água que corre
É por si próprio enganado
O ribeirinho não morre
Vai correr por outro lado.

Sei que pareço um ladrão
Mas há muitos que eu conheço,
Que, não parecendo o que são,
São aquilo que eu pareço.

Embora os meus olhos sejam
Os mais pequenos do mundo,
O que importa é que eles vejam
O que os homens são no fundo.

Eu não tenho vistas largas,
Nem grande sabedoria,
Mas dão-me as horas amargas
Lições de filosofia.

Uma mosca sem valor
Pousa co'a mesma alegria
Na careca de um doutor
Como em qualquer porcaria.

Sou um dos membros malditos
Dessa falsa sociedade
Que, baseada nos mitos,
Pode roubar à vontade.

Finges não ver a verdade,
Porque, afinal, tu compreendes
Que, atrás dessa ingenuidade,
Tens tudo quanto pretendes.

Há tantos burros mandando
Em homens de inteligência,
Que ás vezes fico pensando
Que a burrice é uma ciência.

Nós não devemos cantar
A um deus cheio de encantos
Que se deixa utilizar
P'ra bem duns e mal de tantos.

Veste bem já reparaste
Mas ele próprio ignora
Que por dentro é um contraste
Com o que mostra por fora.

Eu não sei porque razão
Certos homens, a meu ver,
Quanto mais pequenos são
Maiores querem parecer.

domingo, 28 de março de 2010

E VIVA O BENFICA!...



ORA MEUS AMIGOS, PARA QUEM GOSTA DO BENFICA, AQUI FICAM ALGUMAS IMAGENS, QUE CERTAMENTE GOSTARÃO DE VÊR. EU PESSOALMENTE JÁ QUASE GASTEI O VIDEO. SENDO ASSIM VIVA O BENFICA. PARA OS AMIGOS SPORTINGUISTAS, PORTISTAS E DEMAIS CLUBES, OS MEUS RESPEITOSOS CUMPRIMENTOS. COMO ESTE BLOG SE DESTINA MAIS Á POESIA VOU ASSIM DESPEDIR-ME EM VERSO. SAUDAÇÕES ALADAS E VERMELHAS


JÁ QUE O LEÃO NÃO VOA
E DRAGÃO NÃO VAI CORRER
CHAMEM BOMBEIROS NA BOA
ELES VÃO SAÍR DE LISBOA
COM O RABINHO A ARDER.

GANHARAM, NÃO FOI Á TOA
MAS ALGUÉM VAI FICAR MUDO
VIERAM DE BRAGA NA BOA
AO ESTÁDIO DA LUZ EM LISBOA
VÊR BENFICA POR UM CANUDO.

sexta-feira, 26 de março de 2010

SELO COMENTARISTA EXCELENTE OFERECIDO PELO AMIGO EDUARDO ALEIXO.



Este selo tem a finalidade de homenagear os comentaristas que além da assiduidade dos comentários e do esmero com que são feitos, provocam-nos a necessidade de reflectir, aprender e - sobretudo - instigam as almas e as mentes na procura de conhecimentos e sabedoria.
Com este espírito, eu ofereço a todos os meus amigos que queiram levá-lo. A regra era escolher 15 amigos, mas eu não consigo escolher ou excluir alguém. Obrigado amigo Eduardo é que eu além de quebra regras não sei se o mereço. Beijos

quarta-feira, 24 de março de 2010

QUEM SOU?




Em dias de nostalgia
Instalada em peito meu
Pergunto á noite e ao dia
Mas afinal quem sou eu

Serei barco a naufragar
Que navegou lés a lés?
Ou serei concha do mar
À deriva nas marés?

Talvez seja uma andorinha
Que voou por tantas casas
Ou então uma avezinha
Que nunca soube ter asas

Ou então sou uma flor
Quando chega a noitinha
Espalha pétalas de amor
Na alma triste, sózinha

Devo ser sonho, ilusão
Desta alma tão carente
Que guarda no coração
Máguas do antigamente

E neste mundo demente
Que em tudo me marcou
Eu pensei que era gente
E descobri que não sou.

terça-feira, 16 de março de 2010

EU HOJE FUI VÊR O MAR



Eu hoje fui ver o mar
P'ra lavar a nostalgia
Nas pedras me fui sentar
Pois eu o queria olhar
Sem ele saber que o via

Assim a pensar na vida
Ouvi a vózinha do mar
Me observou de seguida
Me disse, assim vestida
Não me podia beijar

Disse-lhe que estava gelado
Estava fria a manhãzinha
Então ficou, todo amuado
Por eu estar do outro lado
Sem me chegar á beirinha

Ao vêr-me ficar p'rá noitinha
Em sussurro, disse a cantar
Que o Sol e uma estrelinha
Iam pôr a água morninha
Para eu me poder banhar

Despi-me e com ousadia
Corri nua, na praia ao luar
Lavei minh'alma sombria
E antes de nascer o dia
Eu fiquei, amante do mar.

domingo, 7 de março de 2010

ABRI AS PORTAS À VIDA



Abri as portas à vida
E fechei atrás de mim
A vida outrora vivida
E nela escrevi um fim

Sequei meu rio de dor
Caminhei até mais não
E nas pétalas d'uma flor
Enxuguei meu coração

Na força do meu querer
Deixei de me procurar
Nas ondas do meu viver
Eu vivo p'ra me encontrar

Neste barco da esperança
Vou navegando sem norte
Nos meus sonhos de criança
Quem escreveu minha sorte?

Nos sonhos que eu sonhei
Ficaram desertos na rua
E nas flores que eu criei
Forrei a minha alma nua

E no cais do desamor
Onde me sinto perdida
Fechei a janela à dor
E abri as portas à vida.

segunda-feira, 1 de março de 2010

MINHAS MÁGOAS




Eu dissolvi na areia
As mágoas, o meu penar
Lavei-as na lua cheia
E enxuguei-as no mar

Nas águas soltas d'um rio
Lavei minh'alma cansada
E na prôa de um navio
Naveguei na madrugada

Na calma do horizonte
Descansei, o meu olhar
E junto da velha fonte
Eu passei para recordar

Ao longe, a velha nora
Onde em tempos morei
E recordei o que outrora
De lágrimas eu derramei

Passei bem junto ao jardim
Que em tempos, eu plantei
Sempre à procura de mim
Da procura, eu não achei

Pensei, o tempo passou
Isso não vou mais viver
Mas a dor me acordou
Só p'ra me fazer sofrer

E neste corpo que é meu
Eu procuro, já cansada
A criança, que cresceu
Amou, sonhou e sofreu
E se sente aprisionada.