No meu jardim de quimera
Eu plantei doce ilusão
Depois, eu fiquei á espera
E agora que é Primavera
Fui vêr, que doce emoção
Nasceu um lírio singelo
Encostado a uma rosa
Um cravo tão amarelo
Como o sol, lindo e belo
E uma violêta formosa
Uma hortência encarnada
Papoilas,azáleas,jasmim
E uma túlipa tão corada
Parecia envergonhada
De estar a olhar p'ra mim
Nasceu também uma cravina
Jacintos, um amor perfeito
Uma dália pequenina
Parecia uma menina
A baloiçar-se no leito
E assim com tantas flores
Neste jardim do meu peito
Talvez lavem minhas dores
Me enxuguem meus clamores
Se forem regadas direito
Mas se acaso esquecer
De as regar com carinho
Não voltarão a nascer
E meu jardim vai morrer
Na secura do caminho.